domingo, 18 de março de 2018

Liga da Justiça - tá ruim, mas tá bom



Por Davi Paiva


ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!


A ideia foi muito boa. Beber da fonte do sucesso da trilogia de filmes do Batman de Nolan apresentando super-heróis em cenários mais realistas, a DC deu o seu primeiro passo na construção do seu universo cinematográfico com “O Homem de Aço”, em 2013, que virou o tipo de filme que ou você ama ou você odeia. Afinal, o que esperar de um filme onde o Superman rouba roupas de um varal...

Eu, particularmente, pensei que esse era um filme de origem. E que na sua continuação, teríamos um super-herói íntegro, que fosse capaz de se impor e resistir às tentações da sociedade sem parecer um ditador, carismático e que valorizasse a vida humana.

Infelizmente, tive a grande decepção ao ver “Batman vs. Superman: A Origem da Justiça” nos cinemas. Quem quiser saber mais, pode ler o meu artigo no blog.

Fiquei triste, decepcionado e aborrecido, mas tive esperanças com a chegada de Esquadrão Suicida. Infelizmente, fiquei mais puto ainda com o filme, como vocês também podem ver no meu artigo.

Até pensei em abandonar o universo cinematográfico da DC e só ver os filmes quando saíssem em DVD. Porém, o filme da Mulher Maravilha deu uma aliviada e me manteve esperançoso. Não por ele ser o melhor. Foi por ser o menos ruim. Qualquer jogador de futebol mediano vira o Messi quando joga no futebol de várzea. Maiores informações no meu artigo.

E agora... chegamos ao filme da Liga da Justiça!

Assisti ao filme no bom e velho Center 3 (me deem ingressos!). E o que tenho a dizer são os seguintes detalhes:

Elenco: não teve alterações dentro do que vimos em BvS (Henry Cavill sem saber interpretar um Superman, Ben Affleck cada vez menos a vontade no papel de Batman e Gal Gadot sempre parecendo ser a única que sabe por que está ali). Pelo contrário, tivemos inclusões de JK Simmons fazendo uma ponta como comissário Gordon, Jason Momoa no papel de Aquaman (e repetindo seus personagens fortões e durões), Ezra Miller como Flash (que, para tentar ser um alívio cômico, deve ter se inspirado no Jar Jar Binks) e Ray Fisher no papel de um Ciborgue que não fede e nem cheira.


Barry “Jar Jar Binks” Allen: o Flash que não alivia, mas tenta ser cômico.


Direção: sinceramente, a direção de Zack Snyder em BvS já havia deixado muito a desejar. Todavia, a morte de sua filha foi um ato lamentável que o obrigou a se afastar do filme e, infelizmente, revelou o lado mais podre da comunidade nerd, que foi quando algumas pessoas comemoraram...

Sem Snyder, a Warner colocou Joss Whedon, na época, contratado para dirigir o filme solo da Batgirl, para editar o filme. Com ele, tivemos mais cor, mais piadas e refilmagens que, infelizmente, prejudicaram ainda mais o tempo de tela de Cavill, pois como ele não podia tirar a barba que havia deixado crescer para a sua atuação no próximo filme da franquia “Missão: Impossível”, alguém teve a brilhante ideia de apagar o bigode digitalmente. E o resultado foi uma série de carrancas inacreditáveis...


A Warner fez uma coisa inédita no cinema: deixou o Henry Cavill feio!


Fora isso, esse filme mostrou a diferença que faz você ter uma mulher na direção de um filme com uma super-heróina: sem uma Patty Jenkis para zelar pela imagem da Mulher Maravilha, tivemos boas doses de ass shots (quando a câmera faz questão de mostrar a bunda da mulher).


This is ass shot!


Roteiro: a ideia de fazer um Superman dando entrevista a um grupo de crianças foi muito legal (exceto pela cara zoada de Cavill ou a incerteza do personagem em dialogar com crianças). Com isso, demos tempo de tela para, teoricamente, mostrar como o mundo sentia falta do Superman nas cenas seguintes

Infelizmente, toda a atmosfera criada para zelar pela imagem de um personagem é destruída quando notamos que o Batman usa uma pessoa como isca (?!), bate papo com um criminoso (?!?!) e ainda o deixa amarrado em um telhado de um prédio (?!?!?!).

Na cena seguinte, a espetacular cena de luta da Mulher Maravilha nos revela mais gafes além de um ass shot quando ela dá uma rasteira em um terrorista: se eles iam atacar mais quatro locais... por que só mostrou ela salvando um? Ou a fala é desnecessária ou alguma cena extra ficou perdida por aí...

Feito isso, o filme descamba para a apresentação dos novos personagens de formas bem toscas: Barry Allen desempregado e cheio de equipamentos, Aquaman no clichê “durão de bom coração” e um Ciborgue que precisa se aceitar em sua nova condição de vida (lembrando que a sua “origem” só nos é contada por diálogos, sendo que de acordo com os trailers, havia cenas dele...).

Esse grupo sem elementos em comum e quase sem motivações contundentes se une para enfrentar o Lobo da Estepe, outro vilão feito em CGI e sem carisma, que quer reunir três caixas guardadas por amazonas, atlantes e humanos (sendo que, por conveniência do roteiro, esta última já havia sido encontrada). Após um primeiro embate, o brilhante estrategista do grupo percebe que não adianta ter uma matadora de deuses ao seu lado e nem uma pessoa que se move em velocidades inacreditáveis: é preciso ressuscitar o Superman.


Boooooorn to be wiiiiiiiiiiiiiiild...


A ressurreição é feita no melhor estilo “Frankestein”, com direito a uma eletricidade gerada pelo Flash que só é usada NESSA cena, e poderia ter gerado um novo Apocalypse. Felizmente ela dá certo e o Homem de Aço volta à vida sem camisa para felicidade da mulherada...

A cena de luta do Superman com a Liga é muito boa. Infelizmente, ela mostra como Snyder só sabe dirigir cenas de ação quando o super-herói tem que bater em outro super-herói. E ela só não vira um massacre porque a Lois Lane o chama de “Clark” na frente de uma viatura (que vacilo!) e o leva para longe.

Sem o Superman, os heróis tentam se virar para salvar o mundo. E quando tudo parecia perdido, o Último Filho de Krypton aparece e mostra o que aprendeu enquanto estava morto (?!) e finalmente se torna o super-herói que conhecemos: que salva pessoas e dá porrada em vilões.

No final temos a Mansão Wayne como nova base da Liga (sendo que nunca entendemos quando, como e por que ela foi destruída), Clark Kent voltando a trabalhar, Barry arrumando um emprego, Ciborgue “saindo do armário e se aceitando” e Bruce Wayne bancando o gênio, playboy, bilionário e filantropo...

Piadas: uma das coisas que as pessoas mais gostaram na construção do universo cinematográfico da DC foi que ele ficou totalmente oposto ao da Marvel: com trilha sonora orquestrada, sombrio, violento e sério.

A chegada de Whedon deu um novo ar à produção, permitindo que cada personagem demonstrasse um tipo de humor: do Flash palhaço ao Aquaman troll, tivemos um Batman que faz piadas até com sua própria situação e isso gerou uma revolta em alguns fãs, pois de acordo com muitos (e é algo que eu concordo), Bruce Wayne é uma máscara que ele usa para ninguém associa-lo ao Morcegão. E nesta faceta, é normal que ele seja escrachado e metido a engraçado. Já o Batman é sério, ácido e provocador. Ele não faria uma piada depois de ser erguido pelo queixo por um Superman furioso...

Efeitos: considerando que esse é o mesmo estúdio que fez os efeitos de Mulher Maravilha, o CGI melhorou um pouco. Infelizmente, ele carece daquela magia do cinema que nos faz acreditar que um homem possa voar e deixa muito a desejar quando o assunto é mostrar o rosto do Lobo da Estepe.

Campanha de marketing: “Davi, o que a campanha de marketing interfere na sua opinião sobre o filme?”, vocês podem perguntar.

E eu respondo: muita coisa.

Não adianta esconder o Superman nas propagandas. Quem leu quadrinhos, sabe que ele volta à vida depois de lutar contra o Apocalypse. E quem não leu, notou que aquela areia no final do BvS levitou, indicando que ainda havia energia naquele corpo. Portanto, a volta do maior super-herói da DC era só uma questão de tempo.

A Warner deve ter entendido isso e refez toda a sua propaganda, colocando o Superman em fotos e brindes. Infelizmente, o projeto não deu certo e por muitos motivos, o filme tão esperado de US$ 300 milhões teve que se contentar com US$ 657 milhões e 40% de aprovação no Rotten Tomatoes. Para vocês terem uma ideia de como isso é prejudicial, o filme do Doutor Estranho teve orçamento de US$ 165 milhões, faturamento de US$ 677 milhões e 90% de aprovação. Ou seja: o filme do herói do qual ninguém tinha ouvido falar venceu a Liga!


Não parece um intruso na foto dos amigos?


***

Apesar de tudo, ainda espero por grandes acertos na Warner. Nem todos os atores parecem ter entendido a grandiosidade dos personagens que interpretam, todos os diretores querem colocar câmeras lentas em todas as cenas (e daí surge aquela máxima: quando você usa um recurso desses para dar importância à uma cena em todas as cenas... nenhuma cena é importante), falta um vilão de peso dentro deste universo e os produtores precisam parar de dar pitaco no trabalho dos outros.


Obrigado a todos(as).

Nenhum comentário:

Postar um comentário